Naquele momento parte de mim se quebrava e se desmanchava por inteiro. Eu era apenas uma mocinha carente que me debruçava em seus braços, com doce jeito de menina e grande sentimento de mulher. E no tocante daquele momento que mais parecia um sonho, fui forçada a acordar. Meu coração descompassado batia. Uma batida que mais parecia parar. Seu rosto de menino e olhar de quem mal sabia o que estava fazendo, miravam e paralisavam frente ao sonho de simplesmente não lembrar. Você me arrastava pra bem longe de pensamentos céticos e para bem perto da utopia que me permitia tornar aquilo real. Estava tudo bem promiscuo e compilado numa única certeza de que tudo era nada e que muito em breve as coias voltariam ao seu devido lugar. Palavra por palavra, momentos... Ela só queria fugir do triste mundo que a cercava e ele, ah! Era o que sabia fazer como ninguém, carregar mocinhas desconsoladas para o mundo dos sonhos e depois trazê-las como se nunca estivera lá. Mal podia perceber o que estava acontecendo ao seu redor ela simplesmente “se entregava” ao que podia ser denominado de afiguração. Era a palavra perfeita para aquela tarde. Não dava pra negar, mas também não era permitido assumir então, sustou-se com as palavras de alguém que conseguia ler nitidamente o que seus olhos apostolavam. Foi então que se assustou e como alguém que tem seus segredos revelados, respirou fundo e começou a correr com medo de que ele pudesse a acompanhar, desesperada queria fugir, mas era tarde demais.
Por, Gleice Cruz